Maratona 2/5
Havia uma semana desde a minha ultima visão. Uma semana.
Eu me dirigia para a aula de música e assim que cheguei a sala, me sentei em meu devido lugar. Em uma das ultimas cadeiras no fundo da sala, hoje infelizmente a aula seria apenas teoria e caso fosse necessário ali tinha um piano enorme, que me encantou logo de primeira.
Tudo estava correndo perfeitamente bem. Ao menos era o que eu achava. Contudo, senti o ambiente ao meu redor ficar pesado, como se a densidade da nossa atmosfera tivesse aumentado gradativamente.
Pedi licença ao professor e me retirei da sala, praticamente, correndo.
Me encostei na primeira parede que vi e respirei fundo diversas vezes. Tentei andar, mas não estava conseguindo. Aquela sensação sinistra ainda não havia passado e eu mal estava conseguindo respirar, deslizei pela parede até cair sentada.
Não sei como, mas em algum momento chamei pelo diretor Owen mentalmente, pois o mesmo logo veio ao meu encontro. Ele se sentou ao meu lado e me abraçou falando coisas para me acalmar. Alguns minutos haviam se passado e eu estava mais calma.
Eu encarei o diretor e sorri em forma de agradecimento. Ele retribuiu e se levantou, logo estendendo uma de suas mãos em minha direção.
- Obrigada!- agradeci após me recompor.
- Não há de que!- ele disse e me encarou, respirei fundo e sorri fraco.- Quer conversar?- perguntou ele gentilmente.
- Sim, por favor!- respondi um tanto quanto desesperada. Ele riu e pediu para que eu pegasse meu material, fiz o que me foi instruído e o acompanhei. Não sabia para onde iriamos, mas estava contente por saber que podia respirar melhorar agora.
[...]
Paramos em frente a uma estufa. Eu já havia a visto antes, mas nunca havia entrado ali. Ele me deu passagem para passar primeiro e assim o fiz, quando passamos pela porta meus olhos instantaneamente percorram por todo o ambiente.
Flores. Flores das mais variadas espécies, tipos e tamanhos. Sempre fui amante das orquídeas, mas depois de ver todas aquelas flores, me apaixonei por todas, tirando as carnívoras que davam um pouco de medo e eram estranhas até demais. Desde a Acácia até a Zinia, flor essa que desconhecia, porém me encantei.
Olhei para o diretor e sorri.
- Aqui é lindo!- falei animada e indo me sentar em um banco que havia bem no meio da estufa.
- Concordo! Pena que os alunos não podem entrar aqui...- falou ele triste.
- Por que não?- perguntei curiosa.
- Pense comigo, (Seu nome), já pensou se todos pudessem entrar aqui desacompanhados? Seria uma verdadeira desordem, primeiro porque iriam usar este lugar tão belo em um motel; segundo porque há pessoas que podem ter algum tipo de alergia e se elas passassem mal estando sozinhas?; e terceiro eu conheço o caráter de cada aluno que estuda aqui dentro perfeitamente bem e sei do que cada um deles é capaz de fazer caso descubra como uma usar essas flores para o mal, afinal elas são lindas e belas trazendo vida a qualquer ambiente, mas também podem tirar a vida em um piscar de olhos.- ele me respondeu olhando dentro de meus olhos e assim que terminou sorriu.
- Queria poder mudar as coisas...- deixei a frase no ar e suspirei logo em seguida.
- Faça você a diferença que já vai ser um começo, querida!- falou ele de um jeito paterno.
Ficamos em silêncio e logo se foi ouvido o som do sinal escolar anunciando o horário do almoço.
- Quer ir almoçar ou conversar?- perguntou o diretor me encarando.
- Conversar, mas não quero que as pessoas ouçam.- falei baixo.
- Use seus poderes e as impeçam de ouvir o que não devem.- falou ele o óbvio me fazendo rir.
- É fácil falar, difícil é conseguir realizar.- disse por fim encarando uma Begônia.
- Como assim?- perguntou ele calmo.
- Como o senhor sabe eu não tenho o controle dos meus poderes, mas como poderia ser o contrario se eu nem sei quais são eles?- perguntei, mas não o deixei responder.- Como eu posso deitar a minha cabeça no travesseiro a noite, sendo que o sombra vive me enchendo de perguntas que eu não tenho a resposta? Como eu posso ser uma adolescente normal, sendo que não posso amar, pois se eu o fizer ele irá o tirar de mim?
- Me explique melhor, por favor!- pediu ele.
- Eu estou confusa!- admiti.- Tanto com meus sentimentos, tanto com todas as coisas ao meu redor...- bufei e desviei do olhar do diretor.- Sabe, toda as vezes em que me exaltei ou passei por um momento de tensão, eu simplesmente acabei liberando meus poderes, mas sem nenhum controle.- respirei fundo antes de continuar.- Contudo antes disso tudo acontecer, eu tive um pesadelo com uma floresta e foi a primeira vez, desde os meus cinco anos, que eu (re-)vi o sombra, foi horrível. Depois eu o re-vi duas ou três vezes aqui na escola, onde ele me deixou cheia de perguntas que não podem ser respondidas no momento. E então a minha ultima visão. A mais cruel e violenta possível. E eu estou me sentindo tão inútil e prepotente sem ter como ajudar.- falei em pé andando de um lado para o outro.
- Me conte sobre a sua ultima visão, ok?- pediu ele se levantando e me segurando pelos ombros.
- Bom...eu prefiro lhe mostrar.- e então coloquei minhas mãos em seu rosto e comecei a me lembrar.
Flash Back On
"Eu estava na frente de casa e as luzes se encontravam apagadas, situação estranha já que estávamos em plena alegria natalina, minha casa sempre estava iluminada nesses períodos festivos.
Caminhei apressadamente pelo jardim até a porta principal da casa, desesperada. Aquele sentimento de medo e perca se apoderaram do meu ser, e, principalmente do meu lado racional. Eu devia dar meia volta e ligar para alguém ou para a policia de preferencia, mas não. Fui curiosa e irresponsável. Girei a maçaneta e entrei na casa sem pensar duas vezes, a minha preocupação estava presente na segurança de minha família e apenas nela, não me importava se algo acontecesse a minha pessoa.
Respirei fundo e adentrei naquela escuridão. Assim que passei pela porta e adentrei mais na casa, a porta se fechou com tudo atrás de mim, me fazendo arrepiar. Respirei fundo novamente, eu estava com medo. Medo do que eu podia encontrar. Medo de quem eu podia encontrar. Medo pela minha família.
"Aloha". Esta palavra significa família. E família significa nunca esquecer ou abandonar. Se dependesse da minha pessoa eu jamais abandonaria ou esqueceria qualquer membro de minha família.
Não sei o por que, porém a minha intuição me mandava ir até a sala de estar, devo admitir que ela era enorme e se conectava com a sala de jantar. Caminhei lentamente até aquela sala e minha respiração descompassada era o único som audível na casa inteira.
Assim que coloquei meus pés naquela sala, as luzes se acenderam e eu me arrependi amargamente de ter tomado tamanha atitude.
Meus pais e Benjamin se encontravam amarrados e amordaçados. Senti lágrimas invadirem meus olhos, eu olhei para minha mãe e a mesma chorava. Fiz menção de dar um passo em direção a eles, mas eles fizeram que não com a cabeça, instantaneamente fiquei confusa e pensei por um momento. Cadê ele? Olhei a minha volta e nada era perceptível. Então andei em direção a eles fazendo o mínimo barulho possível.
Não deu outra. Ele logo apareceu em minha frente com um largo sorriso. Eu já havia o visto antes, mas em quem?
Por reflexo dei um passo para trás, mas o mesmo sorriu mais ainda e me segurou por um dos meus pulsos.
Pensei em gritar, mas que iria ouvir? Quem iria nos socorrer?
Ele me aproximou de seu corpo e me abraçou... Literalmente, ele me envolveu em seus braços fortes e maiores que eu, para sussurrar as seguintes palavras: "Me desculpe por isso, sweet!"
E então ele se afastou e um arrepio tomou meu corpo. De repente alguém me amarrou, colocando minhas mãos para trás do meu corpo. Senti dor, pois me amarraram com força.
- Ande!- ordenou sombra.
Pensei em obedece-lo para faze-lo com que poupasse minha família, mas minhas pernas estavam travadas assim como todo o resto do meu corpo. Vi a expressão dele ficar séria, tirando aquele sorriso de seu rosto, ele se aproximou violentamente de minha minuscula pessoa, se comparada a ele. Seus olhos demonstravam tanta dor e mágoa, enquanto ele exala ódio e maldade para se esconder por trás de sua armadura.
- Eu mandei você andar!- exclamou ele me arrastando até o meio da sala e me colocando sentada em uma cadeira que eu nem havia percebido estar ali.- Agora seja uma boa menina e apenas observe.
Ele pegou minha mãe e a espancou na minha frente, sem dó ou piedade, eu gritava implorando para que ele parasse. Depois de toda aquela tortura ele parou e sorriu pra mim, mas eu apenas deixei minhas lágrimas me segarem, olhei para minha mãe e a mesma me olhava com lágrimas nos olhos. Ela me deu um sorriso fraco, mas sincero e disse algo que jamais irei esquecer.
- Eu amo você, não importa nada disso, apenas não se entregue para as trevas. Mesmo que ela seja mais forte que você, seja a diferença dentre tantos.
Sombra não gostou do que ela disse e a chutou na boca, fazendo com que a mesma sangrasse e eu gritasse. Havia muito sangue. Eu olhava fixamente minha mãe. Eu estava assistindo a vida se esvair de seu corpo, minuto a minuto, segundo após segundo. Minhas lágrimas já haviam secado em meu rosto, mas eu não me importava, já não havia mais lágrimas para serem derrubadas.
Eu apenas observava o pequeno e corpo da minha mãe estirado no chão, sem chance de defesa. Até que ela sorriu uma ultima vez e seus olhos azuis esverdeados se tornaram opacos, sua respiração parou e eu prendi a minha, vi tudo ao meu redor rodar, mas eu mantinha meu olhar firme em minha mãe. Quando a minha volta se estabilizou, minha ficha finalmente havia caído. Chloe Hunt estava morta!
Logo meus olhos se inundaram novamente. Minha mãe estava morta e eu não havia feito nada para impedir. Me sentia extremamente inútil por não saber usar meus poderes, por não ter dito o que sentia a Harry quando tive a chance, por não ter salvado minha mãe e por saber que não conseguiria salvar meu pai e irmão.
As horas passaram e eu nem vi o nascer do Sol. O grande dia como muitos gostavam de chamar, o dia das trocas de presentes, do amor e da felicidade. Natal!
Aquele estava sendo o meu pior Natal. Dizem que essa época do ano é especial, pois só traz coisas boas, mas a única coisa que via plenamente era a destruição da família Hunt e eu não podia nem chorar. As lágrimas já haviam secado e meu psicológico já estava abalado o suficiente para entrar em colapso a qualquer momento.
Perto da hora do almoço, Sombra voltou com tudo e dessa vez pegou meu pai que estava terrivelmente abalado. Ele colocou meu pai na minha frente, mas arrastou o corpo de minha mãe até um canto.
- Vamos conversar, Thomas Hunt!- falou sombra se colocando ao meu lado e apoiando um de seus braços sobre meu ombro.
- Sobre o quê?- perguntou meu pai com a voz rouca e tentando parecer forte, mesmo que estivesse vulnerável.
- Sobre o passado!- falou sombra com ódio.
Flash Back Off
- Infelizmente só fui até aqui. Não tive coragem de saber o resto e nem tive como...- falei triste.
- Não se preocupe daremos um jeito de protege-los dele. Eu prometo!- falou Owen que sorriu logo em seguida.
- Obrigada!- agradeci o abraçando.
- Não há de quê!- disse ele retribuindo o abraço.
Após alguns minutos fui até o refeitório e lá encontrei algo extremamente nojento de se ver. Olhei para trás e vi os olhos dela se enxerem de lágrimas. Lágrimas essas que eu jamais poderia impedir de cair.
..........
To be continue!
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Ta otimo,continua please,leitora nova Malikisses *_*. XxXRayane
ResponderExcluirTa mt perfeitooooooo, continua logo.#Anciosa
ResponderExcluirAnnieXxX.
Josh do céu, que divo! O.o
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