Robertha
SÉCULO XIX
Naquele mesmo dia, mesma hora.
Todos os dias, eu me culpo intensamente por ter deixado essa doença
dominar meu corpo. Sou tão frágil, vulnerável a tantas coisas. Antes, eu não
era assim. Não sentia dor, era forte. Mas, deixei aquela doença me dominar,
e hoje sou fraca. Um lixo.
—Isso é um castigo. —murmurei.
—O que? —Zayn.
— Na-nada. —respondi. — Estava pensando alto demais.
—No que você estava pensando? —ele perguntou. — Não minta.
— Eu estou tão debilitada, não consigo nem retribuir um simples abraço. — passei a mão no rosto.
Bufei, arremessando um travesseiro na parede. Odiava ser fraca. Odiava
sentir dores. Me odiava. Eu só queria me sentir bem novamente, é pedir
muito?
—Robertha, eu mal te conheço, mas afirmo sem medo que você é a pessoa
mais forte que já vi na vida.
—Não minta. —imitei sua fala.
—Não estou mentindo. Você é forte como um tigre, só tem que acreditar em
si.
—Será?—franzi o sobrolho e lhe encarei.
—Não duvide de si mesma.
Sorrimos, o sorriso de Zayn era lindo. Assim como o resto de seu
corpo. ‘‘ Deus, o que eu fiz de tão bom pra ter um amigo assim,
maravilhoso? ’’ ‘‘ Nasceu, Robertha. ’’
(...)
Para não ficarmos entediados, Zayn sugeriu darmos uma volta por
Londres. Sem pensar, aceitei a proposta. Precisava ver o mundo lá fora, sentir
um pouco de ar puro.
—Vou me trocar. —avisei.
—Mas, você está bem assim.
—Estou de pijama. — ri fraco.
Caminhei até as enormes escadas da casa e as subi apressadamente. Entrei
no quarto e abri o armário, de lá retirei a vestimenta adequada. Depois de me
vestir , arrumei meus cachos, deixando-os alinhados e calcei minhas sapatilhas.
Saí de meu quarto e desci as escadas, com pressa, tropeçando na maioria dos
degraus. O ato fez Zayn dar altas gargalhadas, e me deixou constrangida.
—Vamos, Zayn?
—Sim. — ele respondeu, recuperando o folego.
Abri a porta da casa e saímos desta. O dia estava finalmente ensolarado,
mas a movimentação de Strand continuava a mesma, fraca.
—Para onde nós iremos?—perguntei.
— Conhece o Hyde Park? — balancei a cabeça negativamente. —
Você irá conhece-lo hoje.
Sorri. Sempre ouvi os vizinhos comentando sobre o parque, e sempre tive
de vontade de conhece-lo. Mas, vários fatos me impediam de ir. Espero que isso
não aconteça hoje.
Zayn segurou em meu pulso, involuntariamente estremeci. Mas, em
minutos, ele quebrou o ''clima'', pois começamos a correr lado a lado até o bondinho,
a sensação era ótima. Entramos no ônibus e sentamos-nos, ofegantes. Fiquei a
observar a paisagem da rua enquanto Zayn tentava arrumar as horas de seu
relógio de pulso. Sair daquela rotina de ''sala, cozinha, quarto'' era
tão bom.
[..]
Após meia hora com o ônibus perambulando pela cidade, chegamos ao nosso
encontro. Saímos do ônibus, e já pude sentir o vento gélido do inverno soprar
em meu rosto. Aquele sol não duraria tanto tempo. Entramos no parque, que
estava lotado. Vários adultos caminhavam por lá e as crianças brincavam com a
água do rio.
Perambulando pelo parque, e conversando, me deparei com um senhor
vendendo chamativos algodões doces, o que despertou-me um incontrolável desejo
de come-los. Não parava de fita-los um minutos sequer, aquele doce era tão bom.
— Quer um? — Zayn apontou para o doce.
— Não tenho dinheiro para comprar. — respondi. — Não
compre um pra mim.
— Eu não tenho dinheiro. — riu. — Mas, aquela senhora
ali tem. — apontou para uma velinha, que alimentava alguns pombos.
— Não faça isto, Zayn.
— Por quê?
— É errado.
— Mas também pode ser divertido, Robertha.
(...)
Zayn
Míseros segundos pensando, e Robertha aceitou minha proposta. Ela tem
que se arriscar, seria divertido. Separados, andamos lentamente até a senhora.
Esta estava tão distraída alimentando os pombos com pães que não percebera
nada. Robertha pegou sua bolsa e saiu rapidamente de lá, enquanto eu fingia
também estar alimentando aqueles pombos com poeira. Saí disfarçadamente de lá,
e fui ao encontro de Robertha. Ela já tinha o dinheiro em mãos. Sorri, ela
tinha feito tudo direitinho. Caminhamos até o carrinho de algodão doce e os
compramos, ela estava os comendo com os olhos.
Mas, sem me avisar, Robertha andou até a velinha e, sem a mesma
perceber, colocou sua bolsa no banco. Ela veio até mim e eu a olhei
incrédulo.
— Só queria um algodão doce, Zayn, não os pertences dela.
—Poderia ter coisas valiosas dentro daquela bolsa.
— Poderia. Deixe isto pra lá. — ela deu um leve em meu
ombro. — Vamos nos sentar, eu não gosto de comer em pé.
Assenti, ainda não concordando com o tal ato. Sentamos em um banco
próximo e começamos a devorar o doce. Ela o comia com tanto gosto, enquanto eu
lutava para engoli-lo.
— Por que não 'ta comendo o seu? — perguntou.
‘‘ Um amigo faz tantos doces na padaria em que trabalha, que acabei me enjoando de tanto come-los. Só o cheiro me dá ânsia. ’’ Expliquei. ‘‘ Isso parece coisa de
mulherzinha, Zayn. ’’ Lhe dei um leve tapa na cabeça.
—Posso comer o seu, então?
—Claro.
Lhe entreguei o doce e, em questão de segundos, a única coisa que vi foi
o palito vazio. Ela aparentava passar fome agindo dessa maneira. Aparentava.
[..]
Com a chegada da noite, decidimos ir embora do parque a pé. O céu estava
iluminado, e a noite estava congelante. Os cabarés locais estavam abertos, tive
uma súbita vontade de entrar em algum deles e me divertir pelo resto da noite,
mas não o concretizei. Talvez, por estar acompanhado de uma dama.
Finalmente, paramos em frente á sua casa. Robertha ficou calada o
caminho inteiro, apenas assentia toda vez que eu falava algo, com certeza, ela
estava passando mal. Mas resolvi não comentar. Ficamos encarando a fachada da
majestosa mansão, morar ali deveria ser maravilhoso, apesar de simples.
Abri a boca para me despedir, mas, em um movimento não calculado, ela
entrelaçou sua delicada mão a minha, estremeci. Esqueci a casa e fixei meu
olhar em seu rosto, ela estava sorrindo. Robertha sempre estava sorrindo. Uma
súbita vontade de beijá-lá percorreu meu corpo, mas me controlei. Não queria
causar mais constrangimento a ela, e nem a mim. Ficamos em silêncio por longos
minutos, que foram quebrados por sua doce voz.
—Até a festa, Zayn.
—Até, Robertha.
Soltamos nossas mãos, e em pouco tempo ela já estava em sua
casa. O que ela queria com aquilo? Qual era a dela? Dúvidas e mais dúvidas
começaram a rodear minha cabeça. Preciso descobrir o que ela pensa sobre mim,
urgente.
****
Olá, directioners!
O que a Robertha pensa sobre ele? Rç. Espero que tenham gostado do capítulo, tá meio sei lá .-.
Bj da Caah ♥
Esse capítulo ficou tão .. coisa fofa! Mds *****3*****
ResponderExcluirTô xonada nesse capítulo :3 :v
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