Zayn
Século XXI
Tudo estava começando a fazer sentido para mim agora. Eu estava em outro
século, em uma nova era. Só não sabia como vim parar aqui. Eu não me lembrava
de fatos do meu passado, tudo estava distorcido. As lembranças não se batiam,
eu mal conseguia lembrar o nome da minha mãe. Aysha... Patricia... Marissa...
Minha cabeça doía só de tentar me lembrar.
—Está se sentindo melhor? —Bailee perguntou, colocando sua pequena
mão por cima do meu ombro.
—Só um pouco. —respondi, passando as mãos sobre os meus cabelos.
Eles estavam realmente grandes.
A dor no corpo estava cessando lentamente. Eu me sentia igual Robertha,
só que pior. Agora eu a entendia perfeitamente. Minha maior vontade era de
levantar daquele banco e ir atrás dela, se eu vim parar em outro século, ela
deve ter vindo também. Estávamos sempre juntos. Mas a dor no joelho me impedia
de procura-lá.
Suspirei pesadamente e contraí os músculos, tentando relaxar. Eu só
tinha Bailee ao meu lado, ela era o meu suporte nesse lugar. Eu havia
contado-lhe de que era de um outro século, no começo, ela se renegou a
acreditar, mas eu transmiti-lhe sinceridade com as minhas palavras, e ela
finalmente acreditou em mim.
Ouvi minha barriga roncar, ri com o barulho. Pus a mão sobre a minha
barriga, eu não havia comido nada desde que acordei nesse parque. Já havia
passado-se uma hora e meia desde então. E estar de frente para um carrinho de
algodão doce não me ajudava em nada, eu detestava aquele doce, mas
comeria-o em segundos só para não morrer de fome.
—Está com fome, Zayn? —Bailee perguntou, o barulho da minha
barriga foi realmente alto.
—Muita. —respondi, fitando o carrinho de algodão doce sem nenhum
pudor. — Mas eu não tenho dinheiro.
— Eu tenho. —ela disse, depois, levantou-se do banco. —Você gosta
de fish 'n' chips?
—Que pessoa em sã consciência come peixe com batatas? —franzi o
sobrolho, o gosto deveria ser horrível.
—Os britânicos. —ela riu fraco. — Vem comigo, tenho certeza de
que você vai gostar.
Ela fez uma carinha fofa e sorriu, me dei por vencido e levantei-me do
banco. Eu não queria me aproveitar de Bailee, e nem comer peixe com batatas,
mas a fome falava mais alto. Passamos ao lado do carrinho de algodão doce, e
quase o ataquei. Começamos a caminhar até uma barraquinha desse tal de fish 'n'
chips, o cheiro não era tão ruim assim.
Chegamos finalmente a barraquinha, tinha umas três pessoas na nossa
frente. Aproveitei a demora para ler o cardápio daquela barraca, o prato que
Bailee iria comprar aparentava sem bom. Eu odeio peixe, mas tinha minhas
exceções para os empanados e fritos, ainda mais quando era um bacalhau. A
batata não era ao molho, era frita. Isso fez minha barriga roncar mais. Eu
estava parecendo uma gravida.
Enfim, fomos atendidos. Agradeci a Deus mentalmente por ter tirado
aquelas pessoas da fila. Bailee pediu os dois lanches e dois refrigerantes, meu
joelho estava latejando. Lee pagou a comida e caminhamos apressadamente até o
banco mais próximo, assim que me sentei, pude relaxar. Comecei a comer, e não
queria parar mais. Aquilo era maravilhoso. ‘‘Nunca julgue antes de
experimentar, Zayn’’.
—De onde você veio não tem fish 'n' chips? —Bailee
perguntou, quase se engasgando com a grande quantidade de batatas que havia
colocado na boca.
—Não. —respondi, bebericando meu refrigerante. — Lá, as
comidas são bem simples.
—Hoje, não tem mais nada de simples em Londres. —ela disse. —
Tudo é moderno, acho que você vai se assustar com as novidades.
—Também acho. —sorri.
Prestei minha atenção nas pessoas que passavam ali. Não pude negar, as
mulheres estavam mais bonitas. E com o corpo mais definido e cheio de curvas.
Os homens também tinham dado uma melhorada.
—Como isso se chama? —perguntei para Bailee, me referindo ao pano
curto nas pernas da boneca.
—Short jeans.
— Legal. —sorri. — E isso? —apontei para o tecido que cobria
a parte superior do corpo da boneca.
—Cropped.
Os nomes das roupas eram estranhos. Terminei de comer e beber, e já me
sentia melhor. Tinha certeza de que, na hora em que minha barriga roncou, eu
estava pálido de fome. Joguei o prato de plástico e o copo vazios no lixo, e
parei para observar o parque mais atentamente. Aquele lugar era lindo, o resto
de Londres deveria ser muito mais.
—O que tanto olha ai, Zayn? —Lee perguntou, ela estava ao meu
lado.
—Estou apreciando a vista. —eu disse, a vista era maravilhosa. O
céu estava azul, coberto de nuvens bem brancas. — Lee, você pode me
apresentar a cidade?
—Londres é muito grande, Zayn. —ela disse. — Eu não consigo
te apresentar tudo em um dia só.
—Só me leva em algum lugar legal, por favor. —tentei imitar a sua
carinha fofa e sorri, o que não deu muito cedo, pois ela caiu na
gargalhada.
—Tudo bem.
Lee segurou no meu pulso e começou a me guiar para fora daquele parque.
Ela andava muito rápido para uma criança de oito anos que vive na companhia de
uma boneca. Eu não sabia se Bailee tinha família, ela não havia me contado nada
sobre ela. Apenas me ouviu falar sobre a minha história. Mas, eu acho que não
deveria me preocupar com isso. Bailee era educada e dócil, deveria ter uma
família do mesmo modo.
Saímos do parque. Ela soltou o meu pulso e começou a andar do meu lado,
estávamos na calçada. Observei os carros e motos que passavam pela rua, todos
eles eram bem melhores que os da minha época. Até mesmo os ônibus estavam
melhores. As mulheres que passavam ao nosso lado, todas ocupadas com alguma
coisa, eram tentadoras. Eu nem me lembrava mais da relação que tinha com
Robertha.
Entramos em uma rua com pouco movimento, parecia mais ser um beco. Vi
alguns homens escorados na parede, fumando. O cheiro era muito ruim e forte,
nem se comparava com os cigarros do meu séculos. Tossi, e finalmente saímos
daquele lugar. Estávamos em uma outra rua, o transito de Londres era caótico.
—Os cigarros de hoje em dia são horríveis.
—Eles estavam usando maconha e cocaína, Zayn.
Bailee riu. Franzi a testa, eu não sabia que as drogas haviam sido
legalizadas aqui. Lembrei-me de um amigo, mas não de seu nome, só me lembrava
que ele sempre usava topete e barba. Este adoraria passar por aquelo beco.
Cocei a cabeça, seu nome estava na ponta da minha língua. L... Lo... Lou... Era Lou alguma coisa, desisti de tentar lembrar. Minha cabeça estava latejando igual
ao meu joelho.
A rua em que estávamos parecia mais ser um lugar de comércio. Cheia de
lojas e de pessoas. Os tempos haviam mesmo mudado, mas para a melhor. Tudo
estava mais organizado, mais bonito, com mais vida. Até o ar, apesar de uma
fumaça nojenta, estava melhor. Vi várias mulheres com shorts e os tais
croppeds, acontecia algum festival de roupa curta por ali? Talvez, isso só
estava acontecendo por causa do calor.
—Quer ir numa loja de cd's ou roupas? —Lee perguntou, franzi a
testa, eu não sabia o que era um cd.
—O que é um cd? —perguntei-lhe.
—Discos. —respondeu-me impaciente.
—Ah sim. —sorri envergonhado. — Eu quero ir pra loja de cd's.
Bailee segurou no pulso mais uma vez a atravessamos a rua, ela deveria
pensar que eu ainda tenho dez anos. Uma criança cuidava de mim como minha mãe
jamais cuidou. E eu ainda não havia descoberto o seu nome. Entrei com a Bailee
numa loja cheia dos tais cd's, eu não conhecia nenhum artista.
—Vai levar este cd, senhor? —uma atendente chegou ao meu lado.
—Não. —disse, devolvendo o álbum para a prateleira. —Só vim
olhar esses discos e procurar algo que me agradasse, mas nenhum desses aqui são
legais. — com o tempo, as pessoas ficaram mais sinceras também?
Minutos depois, e eu já estava fora da loja. Bailee me trouxe aqui, ela
estava me passando algumas regras para que eu me comportasse nos lugares. Eu
apenas ria e assentia, seu sotaque era engraçado. ‘‘Você tem que ser
comportar, Zayn. As pessoas não são tão boas e pacientes como eram
antes. ’’
[..]
horas depois..
Andamos por alguns lugares da cidade, já cansados, voltamos para o
parque. Eu estava impressionado com tudo que vi e conheci, Londres mudou
drasticamente. Era um novo tempo.
Sentamos por cima da grama, já estava esfriando. E a tarde já estava
indo embora. Eu estava preocupado com várias coisas agora, onde eu iria dormir?
O que vai acontecer amanhã? Eu encontraria Robertha? Voltaria para minha época?
Passei minhas mãos pelo rosto, e bufei.
—O que você tem? —Bailee perguntou, deitando a boneca no chão.
—Dúvidas. — respondi. — Pra começar, aonde eu vou dormir?
— Oras, você vai dormir na minha casa. — ela riu. — Minha irmã
vai adorar você.
— Acho melhor não. — eu disse. — Você já me ajudou
demais por hoje.
— Não seja idiota, Zayn. — ela disse. — Você vai dormir
na minha casa até arranjar algum lugar pra ficar. — ela
levantou-se. — E não discuta comigo.
Levantei as mãos em sinal de rendição e, depois, ri. Eu não queria dormir
na casa dela, só iria lhe trazer mais problemas. A irmã dela poderia não gostar
de mim, ou da ideia de que um homem de 22 anos iria dormir na sua casa. Mas,
Lee falou com tanta convicção que eu resolvi não questionar.
Sai de cima daquele gramado e comecei a segui-lá. Estava escurecendo, e
o parque só estava movimentado por adolescentes que andavam sobre um carrinho
personalizado. Aquilo era legal. Avistei a saída do parque, para onde nós
iriamos?
— Bailee! — ouvi uma voz ao fundo gritar. — Aonde você estava,
sua maldita?
Virei-me para trás, isso era jeito de falar com uma criança? Vi uma
garota, de cabelos lisos e trajada de roupas de frio, impaciente. Ela estava
com os braços cruzados abaixo dos seios e batia o pé, ela também bufava.
— Lena... — Bailee começou a andar na sua direção. — Eu pensei
que você tinha ido pra casa.
— Com você sozinha nesse parque? — ela pegou no braço de
Lee. — Eu achei que você tinha desaparecido, quase fiz um escândalo na
delegacia local.
— Eu estou bem. — Bailee disse, eu observava tudo
silenciosamente. — Não precisava se preocupar comigo, eu sempre volto pra
casa.
— Eu passei vergonha por sua causa. — a mulher bufou. — Quem é
aquele cara? — apontou para mim.
— Zayn. — Bailee sorriu e olhou para mim. — Ele é meu amigo.
— Sei bem o tipo de amizade que ele quer ter com você.
Franzi a testa, e comecei a caminhar até elas. Não deixaria que ninguém
pensasse mal de mim, ainda mais num lugar que eu não conheço ninguém e ninguém
me conhece. Os prejulgamentos estavam em alta por aqui.
— Eu não tenho intenções maldosas com a Bailee. — eu disse, um
pouco longe delas, não podia ver o rosto da mulher.
— Bai, o que você está fazendo com esse cara? — ela virou-se para a
Bailee.
— Estou ajudando-o. — Lee sorriu. — Ele vai dormir lá em casa
hoje.
— O que? — a moça gritou, supus ser a tal irmã de Bailee. —
Ele não vai não.
— Claro que sim. — Bailee disse, a mulher se agachou e ficou a
frente dela.
— Você nem o conhece. — ela segurou nas mãos de Lee. — Ele
pode ser mau.
— Zayn não é assim. — Bailee balançou a cabeça. — Ele é uma
ótima pessoa. Confie em mim, Elena.
— Eu não vou deixar você
levar um aproveitador para dentro da nossa casa.
— Garota, eu não sou um
aproveitador, que merda. — caminhei até ela. — Não me julgue, eu devo
ser uma pessoa bem melhor que você. — ela soltou os braços de Bailee e
tirou a touca, agora eu via o seu rosto perfeitamente bem. E eu não estava
acreditando no que via. Era impossível aquilo estar acontecendo, ela não
trataria nenhuma criança daquele jeito. — Robertha? Você por aqui?
************
Olá, directioners!
Capítulo novo EEEEEE *-* Na verdade, esse capítulo é um tipo de prologo para o capitulo 10. Por isso não está tão ''UAU, que maravilha''...
Ps: desculpem-me pelos erros...
Ps: desculpem-me pelos erros...
Bj da tia Caah ♥
Ameeeeeeeeeeeeeei
ResponderExcluirPerfeito , To amando a história e beem criativa <3
porra continua logo ta perfeito mano vai logo to ficando lokaaa!
ResponderExcluirLinda posta logo flor do meu campo
ResponderExcluir