15 julho 2014

Imagine com Zayn Malik

Baseado na música Princess Of China do Coldplay




- Era uma vez, alguém fugiu. - Zayn gritou ironicamente. Ele virou para você, e te encontrou já chorando. Você tinha o xingado de todos os piores nomes possíveis, mas agora era a vez dele estourar com você. - Alguém “fugiu” para longe, fugiu de suas responsabilidades, suas promessas, fugiu da unica pessoa que realmente a amava…
- Não foi isso que aconteceu, Zayn, você sabe muito bem que…
- Que o que? Que você me ama? - ele berrou, e você começou a chorar mais ainda. - Desculpe, mas você me deixou no momento em que eu mais precisei, você foi fria comigo quando eu estava mal, isso para mim não é amar.


Você abaixou a cabeça, sabendo que tudo aquilo era verdade. Zayn tinha passado por um momento difícil, cheio de problemas na família, brigas internas na banda, e para piorar, ele ficou doente, com um tipo de pequena infecção no pulmão.

E o que você fez? Se afastou dele. Sim, vocês eram namorados, e você o amava demais, porém não teve escolha. As ameaças das fãs aumentaram demais, algumas te encontraram na rua e ficaram te perturbando até. Aquilo realmente te assustou, e sua unica escolha foi ficar fria com Zayn por um tempo, não ligando para ele, apenas mandando mensagens, recusando os pedidos dele de te ver, usando a desculpa de estar cansada demais para ir até a casa dele…

Mas agora tudo estava melhor. Zayn tinha melhorado, a banda não brigava mais, e a família dele estava com menos problemas. Claro, você tentou se reaproximar de Zayn, mas ele foi duro contigo. Desde que você tinha começado a tentar voltar ao normal com Zayn, vocês só brigavam.

- Eu estava com medo, Zayn. As fãs me ameaçaram demais.
- Ah, e elas não fizeram isso comigo também quando eu faltei em três shows só para vim te ver, quando você ficou doente? Elas não fizeram isso comigo também quando eu disse que nada do que elas dissessem poderia mudar o que eu sinto por você? Elas me odiaram, (s/n)! Mas o que eu fiz? Fiquei ao seu lado, cumpri a minha promessa de sempre estar com você. Porém, você não fez o mesmo por mim…
- Eu queria, está bem?
- Queria é o caralho! Se quisesse, estaria ao meu lado, mas não o fez. Nós nos despedaçamos, (s/n), por sua causa. E agora, é como se você estivesse segurando na sua mão as duas metades do meu coração.

Você abaixou a cabeça, sabendo que tudo aquilo era verdade. Mas que droga, por que você foi tão estupida? Por que não simplesmente lutou pelo seu amor com Zayn, assim como ele tinha feito?

- Nós eramos perfeitos.
- É, tem razão, eramos. Mas agora, tudo que parecemos fazer é brigar, de novo e de novo. E não me culpe por isso.
- Uma vez estávamos no mesmo lado, no mesmo jogo… mas eu sei, eu estraguei tudo.

Você continuava de cabeça baixa, e suas lágrimas escorriam pelo seu rosto sem parar. Idiota, era assim que você se sentia naquele momento.

- Por que você teve que ir? - Zayn perguntou, já mais calmo, e com a voz trêmula. Ele estava se segurando para não chorar? - Por que você teve que ir e me deixar sozinho? Poderíamos ter tido tudo.
- Eu poderia ter sido a princesa, você seria um rei. Poderíamos ter tido um castelo, em um reino.
- Mas não… você me deixou ir. - ele falou baixo. - Você roubou a minha estrela, roubou a minha felicidade, ferrou com a minha vida. Obrigado por ter me magoado.

Você negou com a cabeça, e se aproximou de Zayn.

- Eu já disse que não foi por querer.
- Não importa mais, eu não quero te ver. 
- Você não vai me dar outra chance? - você perguntou, sentindo como se seu coração tivesse quebrado ao meio.
- Não.
- Mas por que? Eu não mereço?
- Não, não merece. E se quer aber, você realmente me machucou.

Seus olhos se direcionaram para o chão novamente, e você chorou como nunca antes. Sem pensar duas vezes, saiu da casa de Zayn sem dizer mais nada.

Saiu da casa dele. Da vida dele.

Uma semana se passou desde a última conversa com Zayn. Ele não te ligou, não te mandou mensagens e nem nada, assim como você. Até a aliança de compromisso que vocês tinham, ele não estava mais usando - havia saído várias fotos dele sem a aliança.

Seria aquele realmente o final do namoro? 

Sua mente viaja em pensamentos, e apenas seu corpo estava presente no mundo, jogado no sofá de qualquer jeito, com você segurando inconscientemente a vontade de chorar. Até que toda a sua atenção é voltada para o barulho que ecoa pela casa. A campainha.

Você se levanta do sofá contra a sua vontade e vai até a porta, a abrindo sem nem olhar pelo olho mágico, para ver quem era.

- Zayn? - você pergunta surpresa ao ver seu namorado… ou seria ex?
- Oi. - ele respondeu rígido.

Seu coração se acelerou, e você realmente criou esperanças de que ele estivesse ali para consertar tudo, para vocês “voltarem”.

- Tudo bem? O que você está fazendo aqui?
- Apenas vim te trazer isso. Suas coisas. - Zayn falou, lhe dando uma mochila pesada e uma bolsa provavelmente cheia de seus objetos. - Estavam todos na minha casa.

O pequeno sorriso que estava em seu rosto ao ter visto Zayn sumiu imediatamente.

- Por que está me devolvendo tudo isso?
- Não é obvio? O nosso namoro terminou, (s/n). Não tenho mais nada com você, e nem você comigo.
- Mas e… e o amor?
- Não venha me falar de amor, por favor, eu não quero vomitar aqui mesmo. - Zayn disse sarcasticamente. - Fique bem. Se eu achar algo seu na minha casa, eu te trago. Tchau.

Zayn se virou de costas e foi embora. Daquela vez era definitivo.

Você sentiu tudo ao seu redor tremer e como se fosse magica, desabar. Então era realmente o final, você e Zayn estavam separados. Não havia mais nada que você pudesse fazer.

Mas por que você teve de ter tanto medo das fãs de Zayn mesmo? E o pior era que você nem podia culpá-las, elas estavam apenas cegas de ciumes, o que você entendia muito bem para o lado. Sabia que nada do que elas diziam era sério, sabia que elas não lhe fariam mal algum, então por que simplesmente não as “ignorou” e ficou ao lado de Zayn?

Ele precisava de você, mas do que em qualquer outro momento, e você apenas o virou as costas… agora ele nunca mais acreditaria no amor que você verdadeiramente sentia por ele. Amor que foi incapaz de superar seu medo bobo.

(…)

Alguns poucos meses se passaram desde que você e Zayn haviam terminado definitivamente. Tudo estava indo bem para ele, divulgando o cedo, fazendo apresentações em programas com a banda, etc. Mas para você, tudo estava uma merda.

Você entrou em seu apartamento chorando, batendo a porta com força contra a parede, nem se importando em a deixar aberta. Você quase não enxergava um palmo na sua frente, mas mesmo assim começou a quebrar tudo o que suas mãos tocavam, fazendo o barulho de coisas de quebrando ser maior que o seu choro.

Tudo estava péssimo, simplesmente acabado. Primeiro, suas notas pioram na faculdade de tal forma que você é retida e suspensa. Depois, você é demitida de seu emprego, sem motivo aparente. O estágio no qual você estava não deu certo também, e você se viu sem saída, tendo que trancar a faculdade.

Tudo o que lhe restara era aquele apartamento. Não podia recorrer aos seus pais, já que eles estavam ao Brasil e não podiam ficar te bancando em Londres. Você não tinha tantos amigos assim em Londres, apenas alguns colegas, e nunca pediria socorro para eles. Você não tinha nada. Nem um ombro para chorar…

E como se tudo aquilo não bastasse, você havia acabado de chegar do médico. Foi diagnosticada com um problema qualquer no cérebro, que era hereditário, você nem prestara muita atenção. Só sabia que era um pouco grave, e que o tratamento não era tão difícil: apenas tomar um remédio para controlar o problema, pois caso o contrário… ele se expandiria, e o pior iria acontecer.

Você não tinha nada, ninguém, e a única pessoa que poderia te ajudar de alguma forma, foi exatamente a quem você virou as costas.

Bom, ir embora daquele mundo naquele momento já não parecia tão louco assim. Era um fato que você não teria como comprar a droga do remédio, nem bancar sua faculdade, e muito menos achar um outro emprego com tanta falta de experiencia e ainda sendo brasileira.

Sem pensar muito, você andou rápido até a janela da sua sala, que era alta e grande o suficiente para você passar por ela. Você a abriu, olhando para baixo e sentindo o vento bater em seus cabelos. Uma queda de 18 andares com certeza te mataria.

Você fechou os olhos, e respirou fundo, passando pela janela e ficando de pé na ponta dela. Era alto, realmente alto, mas você não se importava.

Novamente, fechou os olhos, e abriu os braços. Algumas pessoas lá embaixo já começavam a gritar, provavelmente já tendo te visto ali, prestes a acabar com a sua própria vida.
Deixe-os gritar, você pensou, isso não mudará a minha ideia.

Várias e várias lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto novamente, e você reprimiu alguns soluços. Apenas um movimento, e você caía.

E foi isso que você fez, se movimentou para frente, para dentro daquela queda que te levaria embora daquele mundo. Ou pelo menos era isso que iria acontecer, se algo não tivesse te segurado.

Você sentiu seu corpo ser envolvido por dois braços e ser puxado para trás, para dentro de sua sala novamente. Você quase caiu, mas os mesmos braços te colocaram e te pé e te viraram de frente para a pessoa que havia te salvado - apesar que você não queria ter sido salva.

- O que você pensa que está fazendo? Está maluca, (s/n)? - Zayn quase gritou, ainda te segurando forte contra o corpo dele, como se você ainda pudesse cair ao fazer apenas um movimento.

Você olhou fundo nos olhos do Zayn, ainda tentando absorver tudo o que tinha acontecido. Não era para você estar ali nos braços deles, já era para você ter ido embora daquele mundo, ter seu corpo estirado ao chão, há 18 andares abaixo.

- (s/n)! - Zayn gritou desa vez, te chacoalhando pelos ombros. - Me responde, o que você tem? Ficou louca de vez, é isso?

Sua ficha caiu. Ele estava ali mesmo, grudado ao seu corpo. Zayn tinha salvo a sua vida. Mais uma vez.

- Não, eu só… - sua voz começou a sair em um pequeno sussurro. Você parecia perdida, desnorteada, e ainda assim as lágrimas não paravam de rolar pelo o seu rosto. - Eu só queria morrer. Eu ainda quero morrer.
- Mas por que?

Você abaixou seu olhar, se perdendo em qualquer lugar da sala. Seu corpo inteiro tremia, seus joelhos estavam falhando, seu coração acelerado, respiração pesada e descompassada. Definitivamente, você não queria ainda estar viva naquele momento.

- Por que você me salvou? - olhou para Zayn. - Por que?! Por que simplesmente não me deixou cair? Iria ser melhor para mim. Eu não posso mais viver, não do jeito que estou, me deixe ir, Zayn. Me deixe ir!

Você nem percebeu que havia começado a gritar e a chorar desesperadamente como antes. Se debatendo nos braços de Zayn, você fechou os olhos com força, dando inúmeros socos no peito de seu ex-namorado.

- Para com isso! Por que, droga, por que você quer morrer?
- Porque sim! - você berrou, fazendo Zayn arregalar os olhos assustados. Ele simplesmente te segurou pelos braços, te observando. - Está tudo errado, Zayn! Eu não tenho mais emprego, nem estágio, fui suspensa da faculdade, e de qualquer jeito já tive de trancá-la por falta de não ter como pagá-la. Eu estou doente também, preciso de um remédio, e no momento, eu não tenho ninguém ao meu lado!

Você contou tudo aos berros, ainda tentando de algum jeito de desvencilhar dos braços de Zayn.

- Eu não tenho nada! - disse ainda gritando, mas seu tom de voz diminuiu ao você sentir o choro enchendo toda a sua garganta. - Absolutamente nada.

Se havia algo que você estava naquele momento era vulnerável e frágil. Você mesma sentia como se até mesmo uma pena pudesse te machucar. Aquela janela aberta, aquela imensa queda que antes você havia encarado, ainda pareciam atrativas para você.

Surpreendentemente, Zayn fez a única coisa que você pensou que ele não faria. Ele te abraçou. Abraçou forte, te apertando contra o corpo dele, e permitindo que você enterrasse o rosto na camiseta dele, sem ao menos se importar se iria molhá-la de lágrimas ou não.

Ele colocou a mão nos seus cabelos, começando a os acariciar calmamente. Zayn parecia surpreso, completamente estático, mas ainda assim ele tentava te acalmar.

- Shhh, calma. - ele dizia baixo, afagando cuidadosamente seus cabelos e suas costas. - Eu estou aqui, está tudo bem. Fica calma.

(…)

Após um bom e forte chá para te acalmar, e um bom tempo esperando suas lágrimas cessarem, Zayn finalmente se sentou ao seu lado no sofá. Você estava encolhida, abraçando os joelhos com uma mão e usando a outra para terminar de beber o chá que Zayn havia lhe feito.

- Melhor? - ele perguntou, te observando.

Você assentiu. Zayn pegou a xícara de sua mão e a colocou na mesinha que tinha em frente de vocês. Então, ele se virou um pouco no sofá, começando a te encarar novamente.

- Por que se matar, (s/n)? Digo, há sim outras formas de resolver seus problemas, morte não é a solução.
- Não para você que tem tudo. Eu estou sem absolutamente nada, Zayn, não há nada que eu possa fazer. Não achei louca e muito menos irracional a minha decisão, e acredite, eu teria ido em frente se você não tivesse chegado e me salvado.

Zayn abaixou a cabeça, encarando o estofado do sofá.

- Você disse que está doente. O que foi?
- Descobri hoje mais cedo que estou com uma infecção no cérebro. - disse, suspirando. - Preciso tomar um remédio controlado, mas só Deus sabe o quanto esse remédio vai me custar. Se eu não tomá-lo, é capaz que a infecção se espalhe e eu morra.
- Como pegou essa infecção?
- É hereditária. Se manifestou apenas agora.

Você puxou as mangas da blusa que usava, as segurando com as mãos, e as usou para secar os seus olhos, que ainda estavam molhados por conta do choro. Depois, você abraçou mais os seus joelhos e deitou a cabeça neles, vendo Zayn te encarar com um olhar triste.

- Eu vou morrer, Zayn. É questão de meses até isso acontecer, então para que esperar?

Ele negou com a cabeça. 

- Você não vai morrer. Eu não vou deixar. Eu pago os seus remédios, eu não vou deixar que você morra.
- Não, você não vai fazer isso. Eu não quero a sua ajuda, não precisa. Não se preocupe comigo.
- Se você puder parar de ser teimosa pelo menos uma vez na vida, eu agradeço. - Zayn te repreendeu. - Eu vou pagar a merda do seu remédio, já disse.
- Você não tem obrigações comigo, Zayn.
- Isso não me importa. Converse com o médico, siga as instruções dele e não se preocupe com as contas, eu as pago. Só… faça o que for necessário para ficar viva.

Você tentava olhar Zayn fundo nos olhos, mas ele se mexia, desviava o olhar do seu. Qualquer coisa apenas para não entrar em um contato tão intenso quanto o visual.

- Por que está fazendo isso?
- Porque diferente de certas pessoas, eu não viro as costas para quem já fez parte da minha vida.

Pronto. O Zayn que você havia criado, frio, rígido, e magoado, estava ali. Ele se levantou do sofá, passando as mãos pelo rosto, e depois te olhando.

- Eu tenho que ir. Já sabe o que fazer. Quando tiver todos os detalhes do médico, me liga, você tem o meu número.

Zayn pegou a jaqueta dele em cima da poltrona e se dirigiu até a porta. Você não sabia o que fazer, não sabia o que falar, então apenas ficou fitando cada movimento dele.

Chegando na porta, Zayn a abriu, mas antes de passar por ela, ele te chamou.

- (s/n)?
- Sim?
- Vê se não… se não faz nenhuma besteira. - foi tudo o que ele disse, antes de finalmente ir embora e bater a porta atrás dele.

Zayn havia te salvo de uma incrível queda. Como se você já não estivesse caindo. Ele conversou contigo, decidiu te ajudar, decidiu pagar todo o seu tratamento apenas para não te ver morta. Ele realmente era o melhor homem do mundo, o que você mais amou, e com certeza, o que mais te amou também.

Maldita hora que você o deixou sozinho. Maldita hora.

(…)

3 meses já haviam se passado. Zayn mais uma vez cumpriu a palavra dele, e estava pagando o seu tratamento. Você sempre o questionava porque daquilo, mas ele sempre te dava a mesma resposta, que te fazia se sentir a pior pessoa no mundo.

"Eu nunca viraria as costas para você", ele dizia.

Você ainda estava sem trabalhar e sem estudar, vivia com o dinheiro que seus pais lhe mandaram quando souberam que você estava doente. Eles não sabiam que era Zayn que estava pagando seu tratamento, e não sabiam também que era por causa dele que você não atende os inúmeros pedidos que você voltasse para o Brasil.

Mas, ao fim de tudo, seu tratamento não era uma despesa tão grande assim. Porém, para alguém que não tinha nada com você, como Zayn, era um grande ato de compaixão.

Zayn ainda lhe tratava do mesmo jeito de quando terminaram. Ele não demonstrava nenhum sentimento, nem mesmo sorria perto de você. Sempre que te encontrava ele fazia milhares de perguntas sobre sua saúde, sobre como você estava, mas mesmo assim não demonstrava nem sequer te considerar uma amiga novamente.

Mesmo você tendo até o pego chorando, pensando na possibilidade de você morrer - uma noite na qual ele dormiu na sua casa pois você estava mal. Zayn simplesmente não aguentou a situação e chorou feito uma criança, sozinho na sala, repetindo para si mesmo “Ela não pode morrer. Ela não vai morrer, eu não vou deixar” -, ele não te tratava com um pingo de sentimento.

E no entanto, era o mesmo cara que pagava os remédios que te mantinham viva…

Remédios comprados e tomados em vão, você sabia. Novamente, como 3 meses atrás, você chegou em casa batendo a porta com força contra a parede. Seus olhos vermelhos e inchados revelavam uma (s/n) que já não sabia mais o que fazer.

Tudo de novo. Toda a dor estava se repetindo.

Você havia acabado de chegar do consultório, e como se tudo estivesse se repetindo, você sentiu seu mundo desabar. O médico dissera que todo o tratamento não estava adiantando, a infecção estava se espalhando rápido pelo seu cérebro.

Infelizmente, não havia mais nada o que pudesse ser feito. A operação era muito arriscada, com certeza faria você perder muito sangue. O único jeito era realmente esperar até a morte chegar a você de bom grado.

Mas você não esperaria. Não ficaria viva, nesse mundo idiota, apenas esperando o dia em que aquilo te matasse.

Aquela era uma boa hora para fazer o que você deveria ter feito há 3 meses atrás. Zayn não estava em Londres, mas sim em Bradford. Ele não chegaria na sua casa do nada.

Pensando nisso, você caminhou rapidamente até a cozinha, pegando qualquer coisa alcoólica no seu armário. Depois, subiu correndo para seu quarto. Pegou a caixa onde havia vários e vários remédios, e se sentou na cama.

Você destacava remédios e mais remédios, formando uma pequena pilha de comprimidos em cima da cama. Várias cores, formatos, tamanhos. Mas todos comprimidos fortes. Se misturados todos juntos, ainda mais com bebida alcoólica, o resultado seria exatamente o que você estava querendo.

Sem pensar duas vezes, você abriu a garrafa de vinho que tinha entre as pernas, e com a outra mão, colocou todos os mais de 10 comprimidos na boca. Bebeu um longo gole de vinho, até sentir tudo descer pela sua garganta, a machucando.

Você colocou a garrafa no chão, e se deitou na cama, olhando para o teto.

Não precisaria deixar um bilhete ou nada do gênero. Todos saberiam que você tinha provocado aquilo, assim que te encontrassem. Se é que iriam te encontrar. Tudo bem, era claro que iriam.

E quando te encontrassem, a primeira pessoa para quem ligariam com certeza seria Zayn.

Zayn… o único que ficou ao seu lado, até quando você não merecia. Você partiu o coração de Zayn, o magoou, o fez desacreditar que amor era algo possível, o fez se tornar uma pessoa um pouco menos sentimental. Você reconhecia tudo aquilo, sim, reconhecia que você era o motivo por ele ter se tornado alguém diferente, em pouco menos de 4 meses.

Você nunca se perdoaria por ter sentido medo de pessoas que, no final, só queriam a mesma coisa que você: ver Zayn bem. As fãs, claro, não eram as totais culpadas naquela história toda. Elas tentaram ajudar Zayn, do jeito delas, talvez bem equivocado achando que você só pioraria a situação de Zayn, mas tentaram.

Bom, você realmente piorou a situação, não foi? Mas por que, Deus, por que você não lutou por aquilo? Não importaria o que as fãs fariam com você depois, apenas o fato de você estar ao lado de Zayn quando ele precisou, já significaria demais.

Mas como sempre, você estragando tudo…

Seu coração começou a acelerar, seu corpo começou a se estremecer. Uma grande ânsia se formou em seu estomago e começou a subir até sua garganta. Seus olhos se reviravam, e você podia sentir que finalmente estava deixando aquele mundo.

- Zayn… - foi a última coisa que você conseguiu sussurrar, sentindo umas lágrimas escorrerem pelo seu rosto por uma última vez.

E novamente, você apenas pensou que vocês poderiam ter tido tudo. Você poderia ter sido a princesa, Zayn seria um rei. Poderiam ter tido um castelo, em um reino. Mas não… você o deixou ir. Você roubou a estrela dele. Você realmente o machucou.

Seus olhos se fecharam pesadamente, e seu corpo entrou em estática, como um velho rádio quebrado. A dor havia acabado.

Zayn’s POV

Eu a segurava pela cintura, encostando meu peito nas costas dela. Observávamos a noite cair do topo de uma montanha em qualquer lugar no mundo. O lugar realmente não me interessava, o que me importava era estar ali com ela. Apenas ela.

O vento batia forte em nossas peles, fazendo os cabelos dela voarem e o cheiro deles, que eu tanto amava, subir até minhas narinas. Eu fechei os olhos e sorri. Sentir a pele dela na minha, o cheiro dela exalando para todos os lados, ter as mãos dela junto as minhas. Aquilo era inexplicável.

- Por que estamos aqui? - ela perguntou baixo, ainda observando a grande e linda paisagem na nossa frente.
- Eu também não sei. Só precisava de um tempo com você, e esse lugar é muito lindo.
- Lindo até demais. - ela riu e se soltou de meus braços. (s/n) andou até a beira da montanha, olhando para baixo. Ela abriu um pouco os braços, sem tirar o sorriso de seu rosto em nenhum momento, e colocou um pé para fora, para dentro daquela enorme queda.
- Amor, toma cuidado. - disse, dando um passo até ela. (s/n) riu novamente e ficou de frente para mim.

Ela andou até meus braços, se jogando neles e deitando a cabeça em meu peito.

- Eu não farei isso. Não de novo. 

Sorri aliviado e comecei a acariciar os cabelos sedosos dela, enquanto a balançava calmamente de um lado para o outro.

- Eu não suportaria a ideia de te perder. Mesmo depois de tudo, eu ainda te amo demais, e só finjo não me importar para não me magoar de novo. Mas saiba que meu coração é seu, e sempre será.
(s/n) levantou o rosto e me olhou, dando um sorriso de alivio.
- Era tudo o que eu precisava ouvir. Eu amo você, Zayn. - foram as últimas palavras dela, antes de seus lábios se encostarem firmemente nos meus e ela sumir de meus braços, subindo até o céu estrelado que estava sob nossas cabeças.

Levantei minha cabeça que estava deitada no volante, após relembrar o sonho que eu tive com a (s/n) noite passada. Que ironia. Eu sonhar com ela, e assim que eu acordar, receber a noticia de que ela estava morta.
Sim, morta. Por que ela tinha feito aquilo? Ela estava se tratando, tudo ficaria bem, ela sobreviveria e continuaria sua vida. Sei que (s/n) tinha todos os motivos possíveis para se matar, mas ela simplesmente não podia ter feito de fato.

Meus olhos estavam completamente inchados, vi pelo retrovisor do meu carro. Eu estava péssimo. Até os pais da (s/n) chegarem em Londres, para resolver tudo e enterrá-lá aqui mesmo - eles optaram por isso. (s/n) amava demais Londres, era como um tipo de homenagem para ela -, eu que cuidei de tudo. Eu que cheguei correndo na casa dela, após um vizinho dela ter percebido que não era normal a porta do apartamento dela estar escancarada daquele jeito e ter encontrado (s/n) morta; eu que vi os paramédicos correndo com ela em uma maca para fora do prédio; eu que senti a primeira dor de vê-la morta.

Dor que ficaria em meu peito para sempre. 

Apesar de tudo o que ela tinha me feito, eu a amava demais. Quando ela me contou que estava doente, que poderia morrer, eu não a deixei perceber, mas meu mundo caiu. Me sentia idiota por ainda amar alguém que havia me machucado tanto, mas o que eu poderia fazer? O coração não escolhe quem amar, ele apenas… ama.

Na noite em que ela passou mal, e me ligou chorando, pedindo que eu fosse para a casa dela, eu fui correndo, dirigindo ás cegas, apenas querendo chegar rápido até a minha garota e ver se ela estava bem. Eu não devia, mas estava permitindo todo o amor que sentia por ela tomar conta de mim novamente.

Porém, eu não queria demonstrar, então toda vez que me aproximava dela eu ficava naquela pose de “Eu não me importo”. Mas eu me importava. Demais.

Respirei fundo, colocando os óculos escuros para não perceberam o quão ruim eu estava. Desci do carro, já ligando o alarme, e alguns seguranças que estavam do lado de fora do cemitério correram até mim, impedindo que vários paparazzis se aproximassem de mim.

- Meus pêsames. - disse baixo um dos seguranças, me empurrando rapidamente até dentro do cemitério. Eu apenas assenti, e entrei, indo direto para onde a (s/n) estava sendo velada.

Liam e Harry já estavam lá. Eles fizeram questão de não me deixar sozinho naquele dia, assim como Louis e Niall, que iriam nos encontrar depois do enterro.

- Hey, dude. - Liam quase sussurrou, se aproximando de mim. Tirei meus óculos e comecei a encarar os pais da (s/n) em volta do caixão dela, chorando e perdidos em desespero, querendo a filha deles de volta.

Eu a queria de volta também.

Respirei fundo, soltando o ar com dificuldade tentando segurar o choro. Dei alguns passos curtos, passando por Liam e Harry, e me aproximando do caixão. E lá estava ela.

(s/n) parecia tão serena, tão aliviada de algo. Era como se ela estivesse apenas dormindo, e logo acordaria, para continuar a vida dela, para continuar dando aquele sorriso que eu tanto amava.

O pai de (s/n) me viu, e fez um aceno com a cabeça. Eu sei, eu deveria ir até ele, cumprimentá-lo, falar com a mãe da (s/n) também, compartilhar toda aquela dor com as duas únicas pessoas que a entendiam, mas não, eu não o fiz.

Me virei de costas, pronto para sair daquele lugar.

- Eu não posso fazer isso. - disse para Liam com a voz tremula por causa do choro enquanto passava por ele.

Eu quase corri para fora do cemitério, para a parte onde, claro, os paparazzis não tinham acesso.

- Zayn! - ouvi Harry me chamar, mas nem sequer me virei.

Coloquei uma mão no rosto, enquanto encarava o chão e apertava os óculos escuros que estavam na minha outra mão. Então o choro veio. Incontrolável, forte, desesperado. Só naquele momento havia me caído a ficha de que eu nunca mais veria a (s/n).

Senti os braços de Harry em volta do meu ombro, e ele me abraçou forte, passando levemente a mão pelas minhas costas. Não, aquilo não era gay, não era afeminado, era apenas ele tentando me ajudar. Apenas um amigo consolando o outro.

- Isso não vai adiantar de nada, mas fica calmo, por favor. Eu sei que deve doer, eu também conhecia a (s/n), sei o quanto ela era incrível e o quanto você a amava, cara, mas se controla.
- Eu não posso acreditar que ela fez isso. Por que, dude? Por que?!

Eu já quase gritava, mas Harry ainda me mantinha naquele abraço. Ele me puxou até um banco de madeira que tinha ali perto, e fez com que eu sentasse. Assim que o fiz, joguei minha cabeça para baixo, enquanto apertava minha nuca com as mãos.

Aquela dor estava me dilacerando, e eu sabia que era só o começo.

- Zayn, eu sei que é difícil, mas você tem a mim e aos meninos, não se esqueça.

Eu assenti, sem levantar a cabeça. Eu só queria chorar, me trancar em algum lugar e chorar pelo resto de minha vida. Que fosse para o inferno todo o ódio que eu sentia, ou que eu fingia sentir por ela, eu a queria ali, naquele momento, ao meu lado, nos meus braços. Queria que o ultimo sonho que eu tinha tido com ela fosse real. Queria que ela estivesse viva.

Harry colocou a mão nas minhas costas, em um ato de tentar me acalmar. Não adiantaria. Nada iria me acalmar naquele momento, meu mundo havia desabado de vez.

(…)

Quase duas horas depois, que pareceram uma eternidade para mim, o corpo da (s/n) iria finalmente ser enterrado.

Todos estavam em volta daquele tumulo de mármore branca, chorando, olhando o caixão da (s/n) ser abaixado cada vez mais fundo. Até Liam e Harry estavam lá. Mas eu não. Eu me mantive afastado, observando tudo de longe. Sabia que se estivesse perto, me descontrolaria de novo e começaria a chorar desesperadamente.

Meus braços cruzados estavam tão apertados contra o meu peito que eu já começava a sentir uma pequena dor. Dor que não chegava nem perto do vazio no qual meu coração se encontrava.

Assim que o caixão da (s/n) foi enterrado, e a tampa do tumulo fechada, eu ouvi a mãe dela soltar um grito de agonia, implorando para alguém trazer a filha dela de volta. Abaixei a cabeça, grato por estar com meus óculos escuros, para ninguém ver o quão forte eu fechei meus olhos naquele momento.

Eu queria desaparecer, correr para bem longe, até meus pés sangrarem, até ficar sem forças. Eu queria ir para qualquer lugar longe de tudo e de todos, e apenas lamentar do meu jeito a morte da pessoa que eu mais amei.

- Zayn? - Liam me chamou, colocando a mão em meu ombro. Levantei a cabeça, e o encarei indiretamente. - Está bem? 

É claro que eu não estava. Apenas assenti, mentindo, e forcei um sorriso. Olhei por sobre o ombro de Liam, e vi o pai da (s/n) abraçado com a mãe dela, a tirando dali de perto.

- Eu já volto. - falei, andando rápido até onde os pais da (s/n) estavam. - Me desculpem.

O pai dela me olhou confuso, como se eu estivesse louco.

- Como?
- Me desculpem por não ter nem sequer falado com os senhores hoje. Eu só… eu não estou bem.

O pai da (s/n) assentiu. Ele esticou uma mão, e eu a segurei, selando um aperto de mão forte.

- Você fez bem para a minha filha, rapaz, ela sempre me falava sobre você. 

Forcei um outro sorriso, e soltei a mão do pai da (s/n). Olhei para a mãe dela, dessa vez, encolhida contra o peito do marido, chorando incansavelmente.

- Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito, entendo a dor que está sentindo. - falei, colocando a mão no ombro da minha ex-sogra. Ela fez um aceno com a cabeça, agradecendo, e eu me segurei para não chorar ali mesmo. - Se precisarem de algo, por favor, me procurem. Farei o que for possível. Eu amava demais a filha de vocês.

Sem dizer mais nada, passei por eles, andando com a cabeça baixa. Eu só precisava fazer mais uma coisa antes de sair daquele cemitério.

Parei em frente ao tumulo da (s/n), tirando meus óculos. Eu olhei para as incontáveis flores que os pais dela e que eu havia pedidos para os meninos colocarem lá, todas em volta da lápide dela.

"(seu nome inteiro). Who wrote her own history", estava escrito na lápide. Todas as minhas lágrimas voltaram naquele momento, e eu comecei a chorar do mesmo jeito de antes, sem sequer tentar me controlar dessa vez.

- Você não vai me ouvir, eu sei, mas eu preciso te falar algumas coisas. - eu disse, sem nem reconhecer o meu próprio tom de voz, de tanto que chorava. - Eu te perdoo. Te perdoo pelo o que você fez. A raiva que senti de você foi passageira, pois eu logo me vi totalmente apaixonado e aos seus pés novamente, como sempre fui, eu só não podia demonstrar. Eu queria manter a postura de durão, tentar provar para mim mesmo que não era tão dependente de você. Mas eu era, e continuo sendo. Eu tentei cuidar de você, e queria que você tivesse feito o mesmo. Por que, (s/n), por que você fez isso comigo? Por que me deixou aqui sozinho de vez? Eu estava pensando seriamente em ter uma longa conversa com você quando nos víssemos, te dizer que estava tudo bem, e que eu queria você de volta. Na verdade, eu deveria ter dito isso desde o inicio, quando percebi que não tinha jeito, que de alguma forma, eu sempre voltaria a te amar. Mas meu orgulho, meu ego, me fizeram agir de forma fria com você. Sei que pode ser tarde demais, mas eu quero dizer que te perdoo, e que te amo demais, nunca irei amar outra como amo você. Para mim você é eterna. Eu amo você, pequena.

Fiz uma curta oração, e coloquei meus óculos novamente, ainda olhando para o tumulo da (s/n). Se arrependimento matasse, eu com certeza já estaria enterrado junto com ela naquela hora.

Eu fui tão frio com ela, tão indiferente, só para “fazê-la aprender”. Aprender o que, Malik? Que ela tinha você na palma da mão?

Ela se foi, sem ouvir um último “Eu te amo” meu, e a culpa era minha. Acho que, se eu tivesse agido da forma certa, tivesse aprendido a deixar a raiva momentânea de lado e a simplesmente sentar e conversar, talvez a (s/n) ainda estivesse viva, e talvez nós tivéssemos a chance de ter tido tudo.

Ela poderia ser a princesa, e eu seria um rei. Poderíamos ter um castelo, em um reino. Mas não… eu a deixei ir. Para sempre.


5 dias após o enterro da (s/n)

- Zayn, você tem que comer. - minha mãe disse, enquanto eu apenas brincava com a toalha da mesa da cozinha. Minha mãe e Safaa estavam comigo, em Londres, já faziam 4 dias. Elas decidiram passar umas duas semanas comigo, apenas para comprovarem de que eu ficaria bem, após a morte da (s/n).

Suspirei alto, encarando meus dedos. Ela tinha razão, eu tinha que comer. Desde o enterro da (s/n), eu estava vivendo na base de chá, calmantes, e cigarro. Não estava totalmente destruído, mas eu estava um caco.

- Não estou com fome. - disse pela milésima vez a frase naquela semana.
- Mas tem que comer, ou acha que apenas aquele sanduíche de ontem vai sustentar o seu corpo? Se você ficar sem comer, se entupindo de remédios e fumando feito um louco, sua infecção pulmonar vai voltar e vai ser pior. Você tem que se cuidar, filho, sabe que a tristeza influencia demais na saúde das pessoas.

Dei de ombros, realmente não me importando com aquilo. Realmente, eu não me importava com mais nada depois que enterrei a (s/n).

- Por mim tanto faz.
- Por você tanto faz? - minha mãe falou, ficando irritada. Dona Trisha, quando se invocava, era pra valer, ninguém segurava ela. - Ah, que ótimo então, vai se matando aos poucos. Eu sei que você amava aquela garota, Zayn, mas vai ter que seguir em frente querendo ou não, senão vai acabar morrendo.
- Já disse: por mim tanto faz.

Se ela era invocada, eu também era. Peguei o maço de cigarros que estava em cima da mesa e subi correndo para o meu quarto, querendo ter um pouco de paz.

(…)

Novamente, tirei o cigarro da minha boca, soltando o ar que estava preso em minha garganta. Eu estava apoiado na varanda do meu quarto, apenas observando a noite chegando aos poucos.

Ouvi minha porta ser aberta, e imaginei que fosse minha mãe, deixando alguma bandeja cheia de comida em cima da minha casa - comida que mais tarde seria digerida pela Safaa. Mas eu me enganei.

Senti alguém chegar atrás de mim na varanda e cutucar as minhas costas. Virei um pouco minha cabeça e vi Safaa sorrindo para mim, com as mãos atrás do corpo. Ela ficou do meu lado, apoiando os braços na varanda também, mas esticando os pés para tentar ver a piscina que tinha no quintal da casa, há 2 andares abaixo.

- O que foi? A mamãe mandou você aqui para ver se eu estava bem? - perguntei, levando o cigarro até a boca.
- Não. Na verdade, a mamãe está limpando a cozinha, então eu decidi vir te fazer companhia. Se importa?

Neguei com a cabeça, e me sentei em uma cadeira que tinha na varanda, junto com mais umas duas cadeiras e uma mesinha. Relaxei meu corpo no assento, jogando minha cabeça para trás e fechando os olhos, enquanto ainda fumava, tragando fundo e lento.

Cinco dias. Cinco dias que já me pareciam uma eternidade. Eu ainda tinha esperanças, lá no fundo do peito, de que a (s/n) iria me ligar, ou chegar na minha casa de surpresa, dizendo como foi a faculdade, enquanto preparava alguma coisa para nós dois comermos. Ainda tinha esperanças de que tudo o que fazíamos, antes de sequer começarmos a brigar, voltasse a acontecer.

Mas não iria voltar. Ela estava morta, eu a vi morta, eu a vi no caixão, sendo enterrada… e por algum motivo isso ainda não se fixava em meu coração. Minha mente já tinha se acostumado com a ideia de que nunca mais iria vê-la, mas meu coração falava mais alto, dizendo “Hey, seu tolo, para com isso. Ela vai voltar para os seus braços. Tudo vai ficar bem, tudo isso o que aconteceu foi apenas um pesadelo, e já já você vai acordar, vai abrir os olhos, e tudo estará bem”.

Maldito coração.

- Zayn? - ouvi Safaa me chamar, e abri os olhos. Levantei a cabeça, a olhando, e a encontrei me observando com curiosidade. - Por que faz isso?
- Isso o que?
- Isso. - ela apontou para o cigarro entre os meus dedos. Eu me endireitei na cadeira, e observei-o queimando, virando apenas cinzas, assim como eu. - Isso te prejudica, não?

Eu assenti. Olhei para minha irmã, e dei um leve tapa em minha perna esquerda, indicando para ela se sentar em meu colo. Safaa veio até mim e se sentou de lado em minha coxa.

- Sim, me prejudica. Lembra quando eu fiquei doente? Que foi me visitar no hospital, e tudo mais? - perguntei e ela apenas assentiu. - Então, foi por causa disso aqui. Esse negócio é algo que você nunca deve usar, nunca deve colocar na boca e nada do tipo.
- Se eu não posso, então por que você pode? Fumar não é bom, Z.
- Eu sei, pequena, eu sei. - suspirei, olhando para o cigarro. - Mas eu sou um babaca, que mesmo sabendo que isso pode matar, não consegue tirar da boca. Por incrível que pareça, isso me traz calma. Uma calma errada, passageira, mas me deixa mais relaxado.

Safaa olhou para mim e ficou me observando, enquanto eu ainda encarava o objeto queimando em minha mão. Sim, ele me acalmava.

- É tudo por causa dela, Z?
- Oi? - olhei para Safaa confuso.
- É tudo por causa da (s/n)? A mamãe me disse, quando estávamos vindo para cá, que eu teria que tomar cuidado com o que eu diria, e que não era para eu mencionar a (s/n) em nenhum momento, mas eu não posso… eu quero saber sobre ela.

Forcei um sorri e acariciei as costas da minha irmã.

- Tudo bem. Hum… sim, basicamente é tudo por causa dela. Eu não quero aceitar que vou ter de estar longe dela para sempre.
Abaixei a cabeça, mas logo senti as mãos de Safaa pegar o meu queixo e me fazer olhar para ela.
- Quando o vovô morreu e eu estava chorando demais, você me abraçou e disse que tudo ficaria bem. Disse que eu não precisava chorar, pois ele estava melhor daquele jeito.
- Sim, eu disse. E daí?
Safaa me abraçou de repente, com os dois braços bem presos em meu pescoço.
- Tudo vai ficar bem, Z. A (s/n) está melhor agora, não se preocupe com ela. Tenho certeza que agora ela é apenas mais uma estrela brilhante no céu, que de algum jeito, sempre vai estar com você.
Safaa beijou o meu rosto e desceu do meu colo. Ela ia sair da varanda, mas antes ela olhou para o cigarro novamente e em seguida me olhou, dando um pequeno sorriso.
- Por favor, não faça mais isso. - Safaa apontou para o cigarro e saiu da varanda, logo saindo do meu quarto também.

Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu apenas joguei o meu cigarro longe, para o quintal, sem me importar onde iria cair. Coloquei as duas mãos no rosto e permiti que o choro viesse, mais uma vez.

Lágrimas e mais lágrimas rolavam pelo meu rosto, enquanto as palavras de Safaa ecoavam pela minha cabeça. Eu sinceramente não me importava se tudo ficaria bem ou não, eu só queria a (s/n) ali e agora.

(…)

4 meses depois

Me revirei na cama mais uma vez, acordando com um sobressalto. Me sentei na cama imediatamente, fechando bem os olhos e passando os dedos pelo meu cabelo. Droga, eu estava muito suado. 

Mais uma noite de pesadelos. Eles não eram constantes, eu apenas tinha uns de vez em quando, mas sempre que tinha, eram apavorantes. Era sempre eu fugindo de algo, caindo de algum lugar, sendo atropelado por alguma coisa… em todo pesadelo, no final, quando eu ia morrer, eu acordava. Aquilo já estava me cansando. Eu não queria morrer, porra!

Respirei fundo algumas vezes, com os olhos fechados. Minha casa estava silenciosa, claro, e estaria totalmente escura se não fosse pelos dois abajures ligados, um de cada lado da minha cama. Eu odiava dormir no escuro, ainda tinha medo.

Após sentir meu coração e minha pulsação se acalmarem, eu abri os olhos, e me deitei de novo na cama, olhando para o teto. Pisquei várias vezes, antes de vira o rosto até o relógio que tinha ao lado do abajur. 2h40 da manhã.

- Não consegue dormir? - alguém disse ao meu lado, e eu virei o rosto imediatamente, assustado. Não, não poderia ser.
- (s/n)?
- Eu. - ela riu, apoiando a cabeça na mão. Ela estava vestida do mesmo jeito que sempre se vestia para dormir: qualquer regata larga minha, e aposto que estava com um shorts bem pequeno por baixo.

Eu analisei cada detalhe dela. Os olhos, a pele, o sorriso que ela tinha entre os lábios, os cabelos caídos atrás dela… aquilo era uma miragem só podia.

- Isso é um sonho, né?
- Só se você quiser. - ela falou, se deitando na cama e olhando para o teto. Ela não parava de sorrir, em nenhum instante. - Me diz, como foi esse seu último pesadelo? Realmente achou que aquele demônio ia te pegar?

(s/n) fez uma cara meio assustadora e depois riu. Eu ri junto, encantando por vê-la ao meu lado. Ou melhor, um tanto quanto aliviado.

- Ah, qual é, eu fiquei com medo, ok? - falei rindo.

(s/n) virou o rosto no travesseiro e me encarou. Ela me observou calmamente, como se estivesse absorvendo cada ponto da minha pele, do meu rosto, como se fosse guardar aquela lembrança para sempre.

Então, ela começou a rir. Assim, do nada. Ela ria escandalosamente, aquele som que eu tanto amava.

- O que foi? - perguntei curioso.
- Estou apenas me lembrando do jeito desastroso que você me pediu em namoro.

Corei e comecei a rir também. Tinha sido o pior pedido de namoro, oficialmente.

- Eu estava nervoso.
- Você caiu do skate, e na maior cara de pau perguntou se eu queria ser sua namorada.
- Isso não importa, ok? - falei, rindo muito também. - O que importa é saber se a sua resposta valeu ou não a pena.

(s/n) abriu totalmente o sorriso dela, e eu podia jurar que um brilho passou pelo olhar dela.

- Valeu, e muito. Você cuidou de mim desde aquele momento, e nunca mais parou.
- E nunca vou parar.

(s/n) negou com a cabeça, olhando admirada para mim.

- Eu sei que não vai. Até mesmo agora, é você quem me mantem feliz, pensando em mim todos os dias, e fazendo de tudo para levantar da cama toda manhã, me usando como motivação.
- Eu apenas penso que se eu levantar da cama, no final do dia, você vai estar aqui me esperando, e todo o meu dia vai ter valho a pena.
- Mas eu nunca estou, não é?
- Não mais… - falei, e o sorriso que antes habitava o meu rosto desapareceu. Eu olhei para o teto novamente, para evitar que várias lágrimas saíssem de meus olhos. - Eu te amo, (s/n). Apenas se lembre disso sempre: eu amo você, e nunca vou parar de te amar. Nem se um dia eu…

Virei meu rosto para o lado, para encará-la, mas ela já não estava mais ali. Toda a alegria que senti ao vê-la foi substituída por uma irritação ao ouvir a merda do alarme.

Espera aí, alarme? (…)

Rapidamente bati minha mão no relógio que tinha ao lado da minha cama, e passei a mão pelo rosto. Me sentei na cama, ainda de olhos fechados, e respirei fundo, coçando minha nuca. Abri os olhos e pisquei várias vezes, para me acostumar com a claridade.

Logo olhei para o meu lado, mas claro, ela não estava lá. Tudo tinha sido um sonho. Um ótimo sonho, na verdade. Eu pude vê-la, pude constatar que ela estava bem, e pude sentir como era rir com ela mais uma vez.

Se existia algum Deus no céu, eu estava muito grato á ele. Um sonho bastava para acalmar meu coração por um tempo, e me dar forças para levantar daquela cama e ir trabalhar.

Um sonho era o suficiente para eu adormecer a culpa em minha mente, que ainda me gritava que eu e a (s/n) poderíamos ter tido tudo. Sim, poderíamos, mas do que adiantaria? Se era para as coisas serem daquele jeito, seriam daquele jeito, eu não poderia mudar nada, e nem a (s/n).

No final de tudo, eu sabia que a minha verdadeira culpa não foi não ter tido tudo, mas sim ter desperdiçado meu tempo com esse papo de orgulho. Orgulho era uma merda, isso era fato.

Mas aquilo já não estava me abalando tanto. Eu estava seguindo com a vida, sentindo a (s/n) ao meu lado em todo o momento. Pelo menos agora eu tinha mais um anjo no céu para o qual rezar.













Fonte: The Dream
















Nota da Autora: Espero que gostem. Aviso que já estou escrevendo o próximo capitulo de Power. Beijos e até! xXx





















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6 comentários:

  1. ai meu deus menina eu chorei tanto lendo isso nossa cara estou chorando aqui que lindo que perfeito adorei tirando o fato de as vezes tinha que parar para respirar pq tava chorando muito kkkkkkkk
    adorei leio tudo que vc posta aqui mais nunca comento rsrsrsrs
    vc e otima em escrever continue assim bjss

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  2. Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah vc faz ideia de quanto eu chorei? Do quanto eu sai corrend gritando pela casa?? Gnt, não dá pra acreditar! Tipo pq?? Pq? Mas tá divoney u.u

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  3. Eu chorei muitooooo, tive que parar e beber agua, foi lindo, acho (tenho certeza) que foi uma das menlhores imagines que ja vi, continue escrevendo voce é otima
    -Andressa

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  4. CARACA! SUA LOUCA..Vc me deixou com dor de cabeça, de tanto chorar, meus amgs perguntaram oq havia cmg e a resposta: "Um imagine acabou com meus sentimentos" .. MANOOOO! QUE PERFEITO .... Eu Ameii .. ♥ Bjos sua gata ... ~Duda

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